Search This Blog

Friday 27 February 2009

Achad Haam

Achad Haam
Em 1856, em Skivire, a 80 kilometros de Kiev, uma provincia Ucraniana, nasce Asher Ginzberg, filho de pais ortodoxos de origem chassidica. Ele recebeu uma educacao classica judaica, baseada no Talmud. Seus pais almejavam que ele se tornasse um grande estudioso da Tora.
Com o passar do tempo, a capacidade de Guinzberg, assim como sua independência de pensamento fizeram-se notorias e enquanto desenvolvia estudos magistrais em literatura talmudica e comentarios rabinicos, familiarizou-se com os escritos do filosofo judeu medieval Maimonides e com os trabalhos dos escritores hebraicos modernos. Aprendeu sozinho russo, que lhe foi proibido pelo pai, apenas observando placas nas ruas. Alem de aprender frances, alemao e ingles, o que lhe permitiu estudar literatura, filosofia e ciencias, inacessiveis de outra maneira para um jovem judeu.
Era, ao mesmo tempo, um filho respeitador e rebelde. O pai era muito rigoroso com ele, um aluno brilhante. Uma vez por semana aplicava-lhe testes e, independentemente das respostas que recebia, sempre o punia fisicamente. Assim como, com apenas 17 anos, aceitou um casamento arranjado por seus pais. E, embora sofresse com as tentativas do pai de frear seus anseios por conhecimento, lia às escondidas as obras que lhe interessavam, à noite, destruindo-as de madrugada, antes do despertar dos familiares. Suas tentativas de entrar em uma universidade da Europa Central sempre fracassaram, e ele continuou sendo autodidata. Quanto mais estudava a filosofia ocidental, mais enfraquecia sua crença religiosa tradicional, abandonando sua fe e observancia religiosa.
Porém seguiu ligado ao Povo Judeu, tentando encontrar uma relacao entre o Judaísmo e a filosofia européia. E seu pensamento, que levou à formulacao do nacionalismo cultural judaico, com uma busca constante de um elo entre o novo e o velho: uma síntese entre a herança judaica tradicional e as influências culturais absorvidas pelos pensadores europeus contemporâneos. Isto determinou sua visão secular, baseada nas ciências naturais e sociais e influenciada pelo positivismo, utilitarismo e social-darwinismo, em voga na época.
Criou o conceito de "Espírito Nacional Judaico". Para ele, todas as nações teriam um "espírito" próprio; e o espírito nacional peculiar aos judeus seria baseado no ideal pregado pelos profetas bíblicos, que consiste na busca da justiça e não do poder. Este ideal é o que teria permitido a sobrevivência do povo judeu durante os séculos.
Asher Ginzberg nao queria se afastar deste enorme tesouro cultural que era o judaismo (ele tinha uma bagagem muito rica da vida tradicional judaica), queria modernizá-lo. Mais ainda, acreditava profundamente que o povo judeu tinha um papel histórico único que ainda nao havia cumprido. A fim de poder desempenhar esse papel havia necessidade de criar um centro, os judeus deveriam ser educados sobre sua importância e lentamente retornar a ele, para desenvolver uma nova vida cultural, baseando se no conceito de lar judaico ja citado antes.
Depois de mudar-se para Odessa em 1884, pois ele junto com seus pais abandonaram sua terra quando o czar promulgou que os judeus eram proibidos de arrendarem propiedades. La, Guinzberg foi imediatamente atraído pelos Chovevei Tzion (Amantes de Sion) organizados em torno de Pinsker, mas rapidamente percebeu que estava em desacordo com os objetivos centrais da organizacao: o estabelecimento do maior numero possivel de judeus em Eretz Israel. Quando publicou seu primeiro ensaio, usou o pseudônimo literário Achad Haam (um do povo), com o qual é conhecido ate hoje. Nesse ensaio disse claramente ló zé haderech (Nao é este o caminho, 1889): mais assentamentos sem uma grande tarefa educativa, previa, levaria ao colapso da atividade colonizadora. A pessoa precisa saber porque se assenta: a fuga dos pogroms, os possíveis beneficios economicos, nao eram razoes suficientes para enfrentar as dificuldades já existentes e as que ainda enfrentariam no futuro. Os colonos deviam ter uma profunda compreensão da importancia de sua obra para o futuro da nação judia. Nessa mesma epoca viajou para Palestina, estruturando ideias sobre problemas e solucoes em relacao ao povo judeu, ja demonstrando sua sensibilidade sobre provaveis consequencias de choques com os movimentos nacionalistas.
Depois, em 1897, participou do Primeiro Congresso Sionista (primeiro e unico), apenas como observador, desencadeando na escrita de um de seus mais importantes ensaios: O Estado Judeu e o Problema Judaico, no qual criticava tanto a politica quanto o pensamento de Herzl, que para ele tinha uma visao mesianica e Achad Haam se preocupava com a desilusao de que seu insucesso causaria. Ainda dizia que o problema principal era do judaismo e nao dos judeus. Sentia que a vida espiritual e cultural judaica deveria ser reconstruída e que isto não poderia realizar-se plenamente na diaspora. Sem essa reconstrução, os judeus tinham poucas possibilidades de viver no mundo moderno, assim dividia o problema judaico em dois, o da Europa Oriental e o da Europa Ocidental. Para ele, o sionismo resolveria o problema dos judeus da Europa Ocidental, pois traria a solução de identidade para os judeus que já estão separados da cultura judaica e alienados na sociedade em que vivem. Já aos orientais, não traria solução alguma, pois esses não se questionavam frente a existência identitária.
Uma de suas frases classicas que podem sintetizar o que ja foi falado sgue a seguir. "O Judaísmo não precisa de um Estado independente, mas apenas a criação em sua terra nativa de condições favoráveis aos seu desenvolvimento: Um assentamento judeu de um bom tamanho, abrangendo todos os ramos da cultura, da agricultura e do artesanato, da ciência e literatura. Esse assentamento judeu, que terá crescimento gradual, tornará-se com o passar do tempo o centro da nação, onde seu espírito encontrará sua pura expressão e desenvolverá-se em todos os aspectos até o mais alto grau de perfeito que for capaz. Então desse centro o espírito do judaísmo irá para uma circunferência maior, e todas as comunidades da diáspora, respirará por nova vida dentro delas e preservará sua unidade; e quando nossa cultura nacional na Palestina atingir este nível, estaremos confiantes de que produzirá homens no país que estarão aptos, no momento oportuno, a estabelecer o Estado, o qual será o Estado Judeu, e não meramente um Estado de Judeus".
O ideal de Achad Haam era desenvolver esse espírito na vida quotidiana do povo. A cultura que queria desenvolver deveria ter um profundo impacto sobre as identidades dos judeus que continuassem vivendo fora do centro, aqueles que ainda não tivessem se transferido para lá ou talvez nunca o fizessem. Ao mesmo tempo, uma cultura judaica renovada era vital para o futuro da humanidade.
Achad Haam veio para Ertz Israel em 1922, cinco anos antes de sua morte. Seus ensaios, todos escritos em rica prosa hebraica, foram reunidos e publicados sob o título Al Parashat Drachim (Na Encruzilhada). Levou a seu povo um dos mais inspirados caminhos para tentar resolver para eles o que não pôde resolver para si mesmo. Achad Haam certamente e um pensador sionista de grandes e profundas ideias que nos poe a pensar e refletir sobre questoes judaico sionista. Seus ideiais ainda hoje sao muito atuais e podem vir a servir de base para o sionismo frente ao judaismo do seculo XI.

No comments: