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Tuesday 17 November 2009

Educação para uma identidade humanizada-Jayme Fucs Bar

Educação para uma identidade humanizada

Jayme Fucs Bar – Jerusalém 2009

"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo".Paulo Freire

Acredito que a Educação tem como missão central, conscientizar pessoas para uma ação pedagógica; ação pedagógica de respeito à vida, respeito à natureza e à integridade humana.

O respeito à vida, à natureza e à integridade humana deverá ser o elo máximo que unifica os seres humanos neste planeta, independente de que cada um de nós estejamos caracterizados por um variado âmbito de identidades específicas:culturais, religiosas, nacionais; estruturas sociais, identidades sexuais, raças, etnias diferentes.

Devemos educar para a compreensão dessa identidade humana como forma de ajudar a promover a humanização do ser e do planeta, principalmente nestes momentos de grandes convulsões econômicas, ecológicas, religiosas, políticas e sociais, que afligem todos nos seres humanos.


Frei Beto muito bem disse “Uma rosa é uma rosa. Ninguém discorda. No entanto não há consenso de que uma pessoa é uma pessoa. Nazistas negam a judeus o direito à vida, assim como há judeus que se julgam superiores aos árabes, e árabes que assassinam cristãos que não comungam com suas crenças, e cristãos que excomungam espiritualmente judeus, muçulmanos, comunistas, homossexuais e adeptos do candomblé.”

Talvez nesse novo processo onde a cultura, a economia, as comunicações, e os pensamentos, estão se transformando numa simbiose global, e os conceitos de nações e de pátrias, estão enfrentando novos desafios, poderia a globalização ser um exemplo vivo de transformação dessas identidades específicas para a priorização de uma identidade humana.

Para que isso aconteça necessitamos inserir nesta sociedade globalizada, o conceito de Luis Razeto "sociedade global solidária" e mais justa, para que se possa criar de fato o sentido de pertinência à uma identidade humana mais homogênea, onde as dimensões étnicas, religiosas e nacionais ficariam minimizadas e muitas vezes anuladas, dentro da amplitude de uma sociedade global voltada para a humanização do ser e do planeta.


Entretanto a globalização não está conseguindo congregar um processo de formação e fortalecimento das identidades humanas como base para construir valores de solidariedade, respeito, e coexistência mútua. Ao contrário!

A globalização vem funcionando como um fator de modelação de uma nova identidade ideológica, que não tem como objetivo socializar seres humanos e integrá-los em uma sociedade solidária, justa e globalizada.

A globalização neste momento funciona maravilhosamente para criar uma identidade individualizada que atenda as necessidades do mercado, do lucro, onde ela se transforma numa poderosa ferramenta para ampliar a ganância, as guerras, a corrida atômica, o consumo e a competição entre indivíduos.Esta realidade global está cada vez mais, criando novas identidades de excluídos.
Excluídos sociais, excluídos ecológicos, excluídos do direito à educação, à saúde, à moradia e ao bem-estar social, excluídos do direito á água, ao ar, ao mar,aos rios não poluídos.

“Excluídos há e por todos os lados: pobres, desempregados,“inempregáveis”,sem-teto, mulheres, jovens, sem-terra, idosos/as, negros/as, pessoas com necessidades especiais, imigrantes, analfabetos/as, índios/as, meninos/as de rua... A soma das minorias acaba sendo a minoria maioria.”
(Pablo Gentile,)

Será possível transformar o mundo, trasformar as pessoas?

Creio que Sim!

Eu pessoalmente acredito que seja possível!

Aqui no Meu canto em Israel, muitos me chamam de inocente, Utopico ou mesmo de maluco beleza! Mais prefiro todos esses titulos do que aceitar que essa realidade é um "fato final" , " O Fim da Historia" .

Mais para Trasformar mundo, e formas de comportamentos humanos é necessário em primeiro momento, fazer a nossa propia revolução de nossa propia conscientização humana.

Revolução da conscientização humana é colocar o conceito de que o ser humano é o centro de todas as nossas manifestações, independente de nossas origens culturais, nacionais, religiosas, étnicas e sociais.

Devemos nos educar para estar suficientes concientes para poder dizer, e acreditar e sentir de fato que "Sou um ser Humano antes de tudo", antes de ser judeu, brasileiro, carioca e israelense "sou um ser humano"! Minha lealdade máxima deverá ser sempre à esse conceito do Ser humano como centro.

Estou aprendendo a me conscientizar com este conceito através de atos e diálogos simples com outros humanos, principalmente com aqueles que são de origens culturais, religiosas e nacionais " diferentes" da minha, Como um bom exemplo de aprendizado que tenho com um amigo beduíno, onde somos muitíssimo diferentes em nossas caracterizações culturais específicas, ele se define como beduíno, muçulmano, árabe, palestino e israelense.

Em nossas relações o que temos em comum e o que nos unifica é essa consciência de nossa identidade humana. Essa identidade se manifesta por coisas simples da vida, de nosso dia a dia como as festividades, as alegrias, a família e também as tristezas.

O dialogo se passa através do respeito mútuo e principalmente em saber não julgar que as suas manifestações culturais, religiosas e nacionais sejam melhores ou mais corretas do que a do outro.
Uma simples e sábia filosofia é colocar sempre o contexto humano como fator principal de nossas identidades, superando as nossas diversas identidades específicas.

Ter uma consciência da identidade humana é o que nos unifica ė o que nos faz ser responsáveis uns pelos outros e não as nossas identidades específicas.

Identidades específicas criam sempre o abismo de nossas diferenças.

Pessoalmente defino essa identidade humana como definiu Freire " A identidade do ser inacabados, incompletos e imperfeitos onde estamos numa constante busca para entender o que vem a ser nossa essência como seres humanos”.

Sim! realmente acredito que para transformar essa difícil realidade do planeta com suas guerras, suas violências, suas destruições ecológicas, necessitamos realizar a “Revolução da Consciência Humana”. Isso poderá acontecer somente no ato de que cada um realize uma mudança radical em sua própria forma de se relacionar com o "diferente". Com aquele o outro.

A revolução da consciência da identidade humana ė possivel somente se consequirmos nos despertar do nosso conformismo e medo. Somente uma revolução da consciência da identidade humana, poderá ajudar a criar uma visão de mundo de esperança para nossos filhos e para as futuras gerações, e criarmos uma cultura humanizadora,e uma sociedade possível de se auto superar de uma ameaça quase eminente de sua auto destruição.

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